O que é o Halving?
Quando o misterioso Satoshi Nakamoto criou um sistema de dinheiro eletrônico totalmente peer-to-peer e sem precisar envolver instituições financeiras, ele enviou um e-mail para uma lista de pessoas avisando sobre o novo sistema e, junto ao anúncio, também havia um documento, o white paper, que basicamente é o manual do seu sistema.
Foi nesse documento que Nakamoto deixou claro que os bitcoins seriam finitos, já que existem apenas 21 milhões de unidades para serem mineradas até 2140, e que a cada quatro anos a emissão de bitcoins seria cortada pela metade.
O BTC é emitido a partir da mineração que, de forma bem sucinta, é um processo em que máquinas poderosas resolvem problemas matemáticos para validar as transações. E como recompensa, esses computadores são pagos com a tão desejada moeda virtual. E é aí que o tal halving entra na história. Diferente das moedas fiduciárias, como o dólar, euro e o nosso real, os bitcoins têm uma oferta limitada e conhecida, por isso, o que varia é apenas a demanda.
Para respeitar a limitação criada para controlar a inflação da moeda, a quantidade de bitcoins minerados deve ser reduzida pela metade de tempos em tempos, geralmente a cada quatro anos. Ainda não entendeu? Por exemplo, se agora os “mineradores” recebem 50 bitcoins por cada bloco minerado, depois do próximo halving eles vão receber apenas 25.
Na verdade, foi exatamente isso que aconteceu no passado, no dia 28 de novembro de 2012. Talvez você nem soubesse o que era bitcoin nessa época, mas o primeiro halving dessa moeda virtual foi responsável por reduzir a recompensa de 50 para apenas 25 unidades. Como a moeda virtual era novidade e as pessoas ainda estavam tentando digerir a ideia de uma moeda que só existe na internet, houve certa tensão, pois muita gente achou que reduzir a recompensa pela metade poderia fazer com que as pessoas perdessem o interesse pela moeda e ela morresse de vez.
Se muita gente tinha medo de que o bitcoin fosse dizimado do mapa, o que aconteceu foi exatamente o contrário. O bitcoin se popularizou e, como consequência, o preço da moeda disparou. Pra você ter uma ideia da valorização, em 28 de novembro de 2012, o dia do primeiro halving, a moeda valia 12 dólares. Exatamente um ano depois, em 28 de novembro de 2013, o bitcoin estava valendo 1.163 dólares, com uma valorização de mais de 10.000%.
Quatro anos depois, em julho de 2016, aconteceu o segundo halving, que cortou de 25 para apenas 12 BTCs. Assim como tinha acontecido no primeiro, o segundo halving fez a moeda se valorizar muito nos 12 meses seguintes. O BTC passou de uma máxima de 682 até atingir os 2.528 dólares um ano depois, valorizando cerca de 270%.
O último halving aconteceu em 2020, quando a redução foi de 12, ou melhor, de 12,5 BTCs para apenas 6,25. O último halving, pra quem não se lembra, aconteceu em maio de 2020, naquele maldito ano em que o mundo passou por um período sombrio. Mesmo em um cenário caótico, o bitcoin foi de uma máxima de 9.945 para 59.600 dólares, com valorização de quase 500% em 365 dias.
Agora, a previsão é que o próximo halving aconteça em 2024. Quais serão as consequências? Muito provavelmente o preço do BTC irá subir, assim como aconteceu nos halvings anteriores. Por que esse processo influencia tanto o preço da moeda? Se o halving reduz pela metade a recompensa dos mineradores, isso quer dizer que haverá menos bitcoins no mercado, correto? E o que acontece quando algo está escasso no mercado? Isso mesmo, o preço tende a subir. É a famosa lei da oferta e procura… se o halving reduziu pela metade a recompensa de bitcoins, a moeda ficou mais rara e o preço vai subir devido a escassez de novas moedas.
Então quer dizer que em 2024 o preço do Bitcoin irá subir? Se formos analisar os halvings passados, essa pode ser uma previsão assertiva. Porém, não é uma verdade absoluta! Estamos falando de uma moeda virtual extremamente volátil e por isso não podemos afirmar se o próximo halving vai fazer a moeda subir ou cair.
Analisando os halvings anteriores, podemos observar claramente que houve um aumento significativo no preço do bitcoin, mas diversas variáveis impactam nessa negociação, então todo cuidado é pouco!
Para entender melhor o que pode acontecer, precisamos falar sobre a inflação do bitcoin. No geral, a inflação sobe quando há um aumento da oferta de dinheiro em circulação, mas no caso do Bitcoin o que acontece é exatamente o contrário. Quanto mais bitcoins estão em circulação, mais o preço sobe. Além de se manter estável após o halving, a moeda virtual ainda se valoriza.
Podemos dizer que o bitcoin usa o halving para controlar seu suprimento porque ele garante que as moedas serão emitidas a um ritmo estável, seguindo uma taxa de declínio previsível. O curioso é que, quando acontece um halving, não é só o preço que sofre impacto. Pelo fato da moeda ganhar mais visibilidade, sempre há um aumento na procura e nas negociações.
Consequentemente, com o aumento da demanda, a busca por outras criptomoedas também é impactada, já que há uma diminuição no interesse pelas moedas alternativas, as famosas ‘altcoins’. Ou seja, o halving, além de influenciar no bitcoin, ainda afeta o mercado de moedas virtuais.
Os cenários anteriores apontam que o BTC sempre se valoriza após um halving, mas mesmo assim as estimativas são inconsistentes. Por se tratar de algo relativamente novo e imprevisível, alguns especialistas dizem que a alta é inevitável, enquanto outros acham que não deve ter muito impacto pelo fato de já ser algo conhecido pelo mercado. Ou seja, existe sim uma possível previsão, mas ela não deve ser considerada uma verdade absoluta.
O que de fato irá acontecer? Só o tempo irá dizer!